Enquanto as mãos dele corriam firmes pelo seu corpo ela tremia. Não era desejo, curiosamente, a provocar-lhe a sensação insólita. Seus sentimentos não vinham do útero, nada tinham a ver com a ideia de um ventre não fecundado, com a antecipação do amor desperdiçado lhe escorrendo pelas pernas com a menstruação do mês seguinte. Ela gemia e sabia que não era uma foda qualquer que calaria suas ânsias dessa vez. Naquela cama minúscula, pela primeira vez se despiu de todos os receios e sofreu com a descoberta de um vazio que ninguém mais lograria preencher. Olhando pra ele chorou, sem conseguir pronunciar a confissão: precisava que lhe enchesse o corpo de vida e sem ele, ela (e o corpo) nunca seria(m) completa(os). Precisava daquele homem mais perto. Dentro. Incorporado. Impregnado.
ao mais bonito do salão
você não dizia nada mas te entendi inteiro pelos olhos que não escondem. nada te faria mais feliz que dançar comigo a noite inteira, mas saber que na madrugada será outro corpo a me fazer gemer e outros braços ao redor da minha cintura faz com que um beijo na testa perca seu valor. e mesmo que eu deixasse de me deitar com ele, entendo sobre a sensação de colocar esparadrapos em feridas de amores antigos. agradeço por teus olhos que me contam tudo e agradeço a ti por me ter negado uma dança, meus pés doÃdos não aguentariam mesmo, os sapatos andam sempre muito apertados, mas querido, preciso que saibas: queria ter te conhecido antes dele.