esse dia ele me abraçou e disse que chorar faria bem. acatei e chorei um rio de insabores. chorei por amores passados, por amores futuros, chorei porque era domingo, pela ressaca, porque era dia das mães, porque já começou a temporada de chuva e porque o feixe de luz que entrou essa tarde pelo vão da porta tinha uma cor demasiado bonita. chorei de dores que nunca entendi bem de onde vinham e ele me abraçou mais forte e me olhou de um jeito que me fez ter certeza de que a brincadeira já tinha acabado, não havia mais porque fingir nem onde me esconder. confessei que tinha medo e me sorriu. dejate querer, bonita
sete dias já passaram e a frase segue ecoando.
dejate querer. 
dejate querer. 
que forte, que medo baby. 
me assusta a possibilidade de que talvez minha cabeça encaixe perfeitamente na curva do seu ombro, de gostar demais do calor da sua boca, de sentir de novo aquela paz absoluta que há tanto tempo não vem. 
até hoje não tive coragem de abrir os olhos durante um orgasmo.
tenho medo do que vou ver em seu olhar, tenho medo do que o meu vai dizer. 
o precipício está próximo e não logro decidir me jogar.

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