Das saudades que eu tenho? Subir a rua Alabama e chegar na 17.

Recordo caminhar por uma Cidade do México fria, cinzenta e poluída, lábios secos e nariz sangrando. (Quase) nunca faltaram pés que aquecessem meus pés, mas lembro ir dormir muito tarde e acordar muito cedo pra uma cidade vazia e escura e insisto em acreditar que aquela tristeza que me dava te ver dormir tão manso enquanto me deixavas ir embora sem medo, diariamente, foi algum tipo de sinal. Das camas alheias a tua foi minha favorita. Outro dia vi que redecoraste a casa toda e aquela cama se foi em algum caminhão, e tive certeza de que nossa história nunca escrita já tinha perdido seu lugar: ele segue seu caminho pela avenida Revolución e eu fico aqui mesmo, pra pegar Patriotismo. (Nossas avenidas desde sempre nos indicavam caminhos opostos, desavisada nunca fui). Até hoje sorrio ao escutar as músicas que você me apresentou. Sempre te lembro cantando, igual aquele dia quando saí do banho e te espiei do corredor: violão na mão, cantando de olhos fechados, pra um público invisível, minha canção favorita. Desde então eu entendi que eras especial e ao mesmo tempo inalcançável; porque eu nunca aprendi a rimar, e você cantava tão bonito...

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